A táctica da Infantaria de linha recorria à música para assegurar a difícil tarefa de coordenar as manobras e as ações das extensas fileiras de atiradores, que tinham que fazer a marcha de aproximação e os sucessivos disparos, de forma coordenada ao som da cadência do tambor, que também traduzia as ordens verbais para fazer fogo, atacar, retirar, etc. Mas foi no inicio do século XIX, com as novas tácticas da infantaria ligeira, de atuação mais flexível e maior capacidade de manobra, que os sinais sonoros em combate assumiram maior importância, para que as ordens dos comandantes das unidades de infantaria ligeira fossem reproduzidas através de sinais preestabelecidos, interpretados pelos corneteiros, que eram inseparáveis dos seus comandantes. Os ruídos dos disparos da artilharia e das armas ligeiras, no ambiente confuso do combate, não permitiam que as ordens verbais fossem escutadas pelos soldados, pelo que os sinais sonoros dos Corneteiros (na Infantaria) e dos clarins (na Cavalaria) eram necessários para transmitirem as ordens dos comandantes.
Os Exércitos Inglês e Prussiano foram pioneiros na utilização da Infantaria ligeira e a influência destas escolas militares, em Portugal, através da reorganização militar do Conde de Lippe (1762-64) e depois nas guerras napoleónicas (1808-1815) foi muito importante. Podemos assim sintetizar que numa primeira fase a função operacional era assegurada pelos tambores na Infantaria de linha e pelos clarins na Cavalaria e, numa segunda fase que corresponde à transição para a idade contemporânea, temos a utilização dos corneteiros na Infantaria ligeira, precisamente quando esta função da música adquire maior importância. Os instrumentos musicais da ordenança militar eram assim distribuídos: Os regimentos de infantaria de linha e de artilharia tinham tambores e pífaros, os regimentos de cavalaria tinham clarins e timbales e as unidades de infantaria ligeira, como os batalhões de caçadores, tinham cornetas.